Poesia

A carta que não terminei


Essa é mais uma daquelas cartas que não consegui terminar.
Confesso que tentei. 
E por muitas vezes.
Mas as palavras, 
Atrapalhadas, 
Bagunçadas,
Insistiram em não achar o seu devido lugar. 

Essa começou a ser escrita lá atrás.
Primeiro no coração, depois com as mãos.
Mas com o tempo (ah, esse vilão do tempo),
Com as circunstâncias (ah, como estamos vulneráveis),
Já não faz tanto sentido terminá-la.

E aqui está. 
Inacabada.
Um rascunho difícil de ler.
Uma confusão de sentimentos.
Expostos.
Depois apagados.
Quem poderia entender?

É só um emaranhado de pensamentos 
Que vieram e se foram,
Correndo, atropelando, mudando.
Passado, presente (e até o futuro inexistente)
Tudo se misturando.
O que é real, o que foi só sonho 
Tudo se entrelaçando.

E aqui está.
Um papel leve.
Poderia soltá-lo ao vento, se assim quisesse.
Um papel pesado.
Poderia afundar a alma, se assim deixasse.

Essa é só mais uma daquelas cartas sem final.
Quem sabe um dia eu consiga terminá-la.
Mas se isso acontecer, será que ao seu destino chegará?
Ou será só mais uma outra carta fechada, que por aqui ficará?

Poesia

Alegrias Esquecidas

Tantas coisas que adorava fazer,
Mas há tanto tempo que não faz.

Às vezes,
Diz que é culpa do tal tempo que não para.
Outras vezes,
Diz que a culpa é sua por não saber parar o tempo.
 
Com o tempo,
Não sabe mais da emoção
Que era pular corda,
Brincar na chuva,
Ou pega ladrão.


Com o tempo,
Nem se lembra mais do prazer que sentia
Ao escrever versos cheios de amor,
Ver desenhos nas nuvens,
Ou compor uma melodia.


Com o tempo,
Também esqueceu-se do encanto
De contar estrelas,
De contar histórias,
De contar figurinhas.

Com o tempo,
Já não sabe mais como é bom o mistério
De andar sem rumo,
Esconder-se sem pressa de ser achado,
Ou sentar-se tranquilo à espera do encontro.

Quantas coisas que adorava fazer,
Mas há muito tempo não faz.
Alegrias que deixou para trás
Em busca de algo que é incapaz
De fazer seu coração aquecer…

*Post inspirado nesse outro texto meu.