Poesia

Portas

Luci abre a porta para o reino de Nárnia

No caminho da vida, encontrei portas.

Algumas abertas, escancaradas, braços estendidos convidando para chegar do outro lado.

Ah, já sabendo o que encontrar, como é fácil atravessar.

Mas quantas outras portas encontrei fechadas.

Com medo, paralisei.

O que haverá do outro lado?

Segredos que valem ser revelados?

Um lindo jardim ou um deserto?

Um reino encantado ou um lugar atribulado?

Mas ficar paralisada não é opção para quem deseja continuar.

Com coragem, é preciso abrir a porta.

E descobri que às vezes a chave está ali mesmo, por perto. Como Alice, só devo estar atenta.

Outras vezes, a porta está apenas encostada. Como Lucy, só devo estar curiosa para descobrir.

Algumas vezes, a porta está emperrada. Com um pouco de força e criatividade, poderei abri-la.

Mas há vezes que por mais que tente, sei que não conseguirei.

E nessa falta de força, a ponto de desistir, aprendi que preciso apenas bater.

Alguém tão gentil e com um sorriso aberto, terá todo o prazer de abri-la para mim.

E percebi que o que há do outro lado já não importa tanto assim.

O que faz sentido mesmo, de atravessar qualquer porta, é Ele, com suas mãos marcadas a segurar as minhas, para seguirmos juntos, na caminhada da vida.

Poesia

Por causa do TUDO

E a gente vai dando conta, segurando as broncas, fingindo que não vê, que não ouve, respirando fundo, contando até 10, até 50, haja número, erguendo a cabeça,  engolindo o choro, dançando uma música barulhenta e sem ritmo, buscando algum sentido, correndo contra o tempo, perdendo o precioso tempo, ganhando culpa, não se dando ao trabalho de nenhuma desculpa, ignorando as palavras ditas (e malditas), relevando os olhares tortos, desviando da fúria, do ataque, aguentando a dor, o cansaço, a verdade, jogando um jogo com regras que ninguém entende, sem pausa, sem reprise, sem torcida. 

E apesar de tudo (ou por causa do TUDO que um dia virá), a gente não desiste e segue em frente, dando conta, segurando as broncas…

Poesia

Aquela dor

Eu pensei que chorar pudesse aliviar a dor.
Mas o que fazer se não há ninguém por perto para me abraçar
e dizer que tudo ficará bem?
Ou, timidamente, tentar enxugar as lágrimas?


Eu pensei que falar pudesse minimizar a dor.
Mas o que fazer se não há ninguém por perto para me ouvir?
Ou para me dizer que mesmo que a dor não vá embora estará comigo
?

Eu pensei que rir pudesse afugentar a dor.
Mas o que fazer se não há ninguém por perto para me distrair
?
Para me contar outras histórias, aquelas com final feliz
?

Eu pensei que seguir em frente pudesse fazer com que a dor ficasse para trás.
Mas o que fazer se não há ninguém por perto para me acompanhar?    
Ou para me indicar um outro caminho?

Penso que só me resta enfrentá-la.
Não sozinha.
Mas com Aquele que me abraça, mesmo quando não consigo senti-l0.
Me ouve, mesmo quando não falo.
Enxuga cada lágrima, até aquelas que não caíram.
E que, com seu infinito amor, me dá esperança e razão de continuar. 

Sim, a enfrentarei com A
quele que conhece toda a minha dor
E é minha eterna companhia.