Poesia

Mãe, amor infinito

Uma mãe segurando sua filha nos braços

MÃE
Você é a origem,
o primeiro encontro,
sangue que pulsa junto,
vida que se estende.

Você é colo,
olho no olho,
afago, abraço apertado,
beijo que deixa marca de batom.

Você é vigília
nas noites de febre,
nas madrugadas de festa,
a que espera, a última a dormir.

Você é amiga,
ouvinte,
cúmplice,
confidente.

Você é direção,
conselho,
bronca,
outra chance.

Você é culpa,
medo, dúvida,
choro,
recomeço.

Você é força,
calmaria,
segurança,
fé inabalável.

Você é memória,
enraizada no coração,
sempre viva,
sempre presente.

Mãe, você é esse
amor tão lindo:
infinito,
o primeiro,
o que não terá fim.

Poesia

O incontrolável

Folhas ao vento

Por que sofrer tentando controlar
O que está fora
Do alcance,
Tão distante,
Quando a todo instante,
Surge o inesperado,
O inevitável,
O que é incontrolável?

Afinal, seria mesmo possível controlar
Esse emaranhado
De caminhos,
Curvas,
Rotas confusas,
O destino,
A próxima parada,
Se haverá saída?

Como querer controlar
Se haverá sol,
Chuva,
Brisa,
Vento,
Bom tempo,
Como controlar
O tempo?

Esse tempo
Destemido,
Que vai indo,
Que já foi,
Que não enrola,
Que não volta,
Que escapa,
Que nem chega?

Como querer controlar
O sentimento que surge,
Envolve,
Esse mistério,
Por quem se apaixona,
Se também será amado,
Se será eterno,
Se será mesmo amor?

Como querer controlar
O desencontro,
Se haverá outra chance,
Quem vai partir,
Se um dia voltará,
A despedida,
O desenrolar da vida,
O suspiro final?

Ah, quanta inocência,
Que ilusão,
De algum dia achar,
Considerar,
Que tanta coisa,
Que tanta situação,
Por mais simples que pareça,
Poderia controlar.

(publicado em 2017 e atualizado em 2022)

Poesia

Dores ocultas

Ele sorria,
Contando história,
Empolgado,
Descontraído.

O que ninguém via
Era o poema inacabado,
O cansaço de ser,
O suspiro de esgotado.

O que ninguém via 
Era a mensagem que deixou para depois
O desejo que ficou para depois
O compromisso que adiou – outra vez.

Sua voz cada vez mais alta, 
Tentando calar o grito interno,
O pensamento acelerado,
O choro de dentro.

Sua voz cada vez mais baixa,
Palavras minguadas,
Sussurro…
Alguém consegue ouvir?

Setembro passou,
E ele seguiu
Com suas dores ocultas, disfarçadas…
Alguém o alcançará para segurar sua mão?