Poesia

Quem sabe um dia…

Quem sabe um dia haja coragem para enfrentar todos os medos e o novo não assuste mais. Quem sabe um dia se aprenda que os gritos de fúria nada resolvem e que o silêncio muitas vezes é melhor que palavras.

Quem sabe um dia a voz do amigo que partiu volte a ser nítida na memória e a dor daquela segunda-feira não atinja mais.  Quem sabe um dia o perdão brote no coração machucado e depois da queda, se tenha força para continuar.

Quem sabe um dia os valores permaneçam apesar das circunstâncias e as boas atitudes não dependam do humor. Quem sabe um dia os muros da zona de conforto sejam derrubados e o comum não seja mais suficiente.

Quem sabe um dia cada oportunidade seja aproveitada para fazer alguém feliz e as declarações de amor não fiquem presas na garganta. Quem sabe um dia as expectativas não se frustrem e os sonhos, por mais impossíveis que possam parecer, se realizem. 

Quem sabe hoje seja esse dia…
Poesia

Sobre a Corda Bamba

Sobre a corda bamba estou, braços estendidos sem nada tocar. O desafio é meu, o medo é meu, o equilíbrio também é meu.

O vento procura me abalar, paisagens tentam distrair. Incertezas ameaçam e as derrotas passadas embaçam a visão.


Voltar parece ser tão mais simples, seguro, fácil. Cair até parece ser menos doloroso do que seguir. Mas continuar está a verdadeira razão, sentido da vida, mesmo quando não vejo no horizonte o ponto de chegada.

Às vezes, nessa corda bamba da vida, o desequilíbrio é inevitável e a queda é iminente. Os braços se estendem desesperados por encontrar uma mão, alguém para compartilhar o desafio, firmar os pés e expulsar o medo. 


E percebo que sempre há alguém por perto, mesmo que durante todo o percurso esteve em silêncio em seu próprio mundo, talvez apenas aguardando o momento de ser percebido.

Percebo que a jornada pode ser mais leve, tranqüila e sorridente. E que se eu quiser, o vento pode ser brisa refrescante. Se eu mudar de prisma, as paisagens podem encantar. Se eu refletir, as incertezas são a prova de que tudo é possível. E se ponderar, as derrotas me deram força para chegar até aqui. Mas apenas se…

A corda continua bamba e ainda não vejo no horizonte o ponto de chegada. Mas ao olhar para o lado, lá está o sorriso confiante e os olhos doces que me dizem com segurança que valerá a pena ir até o final. 
Poesia

O que adianta?

O que adianta a chuva, se as suas gotas refrescantes são evitadas?
O que adianta os sonhos, se tão pouco é feito para realizá-los?
O que adianta dizer que está arrependido, se as atitudes continuam as mesmas?
O que adianta as flores, se seu perfume não extrai o sorriso?

O que adianta a indignação, se nenhuma voz é levantada?
O que adianta a pressa, se o tempo tem vontade própria?
O que adianta os portões abertos, se há medo do que pode
ser encontrado lá fora?

E o que adianta as palavras, se os mais belos sentimentos são silenciados, a todo o momento?